Perturbação do Espectro do Autismo: estratégias (parte 1)

Sugestões de manejo comportamental para pais e professores de crianças com a Perturbação do Espectro Autista (PEA) – Viviane Landis

Olá a todos!

No mês de abril daremos continuidade às perturbações ou transtornos do neurodesenvolvimento, que costumam se manifestar desde a primeira infância. A ideia é darmos enfoque ao manejo comportamental das crianças, ou seja, oferecer sugestões de como os pais e os professores podem lidar com as questões comportamentais e emocionais típicas de cada perturbação. Hoje abordaremos sobre o PEA (Perturbação do Espectro Autista), já que hoje, dia 2 de abril, é o DIA INTERNACIONAL DE consciencialização DO AUTISMO.

Fonte: https://www.cm-azambuja.pt/informacoes/noticias/item/3239-municipio-de-azambuja-associa-se-ao-dia-mundial-da-consciencializacao-do-autismo


CARACTERÍSTICAS DO PEA:

Antes de iniciarmos sobre as sugestões, é importante colocarmos alguns aspetos cruciais do comportamento das crianças com PEA. Há dois “grupos” de dificuldades que são marcantes, mas especialmente as do Grupo 2, são as mais características e específicas das pessoas com PEA:

  • Grupo 1: dificuldades persistentes e significativas na comunicação e interação social;
  • Grupo 2: apresentam um padrão restrito e repetitivo de comportamento, interesses ou de atividades. Ou seja, a criança pode ter movimentos repetitivos e estereotipados no uso de objetos ou na fala, insistência nas mesmas coisas, aderência inflexível às rotinas ou padrões ritualísticos de comportamentos verbais e não verbais, interesses restritos que são anormais na intensidade e foco, além de hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais do ambiente (intolerância ao barulho, ao toque, à certas consistências de alimentos, etc). Todos esses pontos foram extraídos do DSM-5, que é o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição, feito pela Associação Americana de Psiquiatria para definir como é feito o diagnóstico de transtornos mentais.

Bem, agora podemos seguir para a parte prática, isto é, como lidar como os desafios que o PEA traz para a criança, sua família e escola. Para conseguirmos aprofundar um pouco mais nas orientações, hoje abordaremos as orientações sobre o Grupo 1 relacionado às dificuldades persistentes e significativas na comunicação e interação social. Na próxima semana, traremos orientações para as dificuldades do Grupo 2 (podes ler aqui).

AS DIFICULDADES:

• Dificuldade para compreender as regras da interação social;

• Interpretação literal do que lhe é dito, isto é, leva tudo ao “pé da letra”;

• Dificuldade para identificar as emoções dos outros;

• Problemas com distância social;

• Dificuldade em compreender as regras sociais implícitas e, quando as apreendem, pode aplicá-las rigidamente, por isso de maneira inadequada.

AS SUGESTÕES:

Fornecer expectativas (o que se espera) em relação ao seu comportamento diante de determinada situação;
Ensinar de forma objetiva as regras de conduta social: o que deve e não deve ser feito.
Ensinar como interagir através de histórias sociais e assumindo diversos papéis;
Preparar as outras pessoas sobre como responder à inabilidade social da criança: não criticar ou penalizar, mas ser claro e objetivo, sem ser agressivo, quanto às regras ou consequências das suas ações e possíveis incómodos causados ao outro, fornecendo atitudes alternativas e mais adaptativas,
Usar outras crianças como modelo para indicar o que deve ser feito;
Incentivar jogos de equipe;
Apoiar quando a criança falhar;
Ensinar como começar, manter e finalizar um jogo;


Ensinar flexibilidade (fornecer outras maneiras, ações e pontos de vista por mais simples que sejam), cooperação e partilha, a começar por objetos com as quais a criança não tenha muito apego;
Explorar uma emoção por vez na própria criança através, primeiro, da perceção (focar a atenção no que sente), depois da nomeação da própria emoção (dar nome), para num terceiro momento ajudar a identificar quais comportamentos a emoção mobiliza e quais são os mais adequados e os inadequados;
Ensinar como identificar e responder às pistas que indicam graus variados de emoção nas pessoas. Esse auxílio pode ser feito através de fotos de pessoas conhecidas ou não, analisando as suas expressões faciais e os prováveis sentimentos/emoções que estão a expressar;
Ensinar frases de segurança para quando estiver inseguro ou confuso;
Ensinar a perspetiva e pensamentos dos outros usando técnicas teatrais, quer dizer, através de atividades lúdicas, trazer situações que possibilitem à criança exercitar a sua capacidade de imaginar o que a outra pensa ou sentir através das pistas corporais (especialmente as pistas faciais) por ela trazida.

E finalizamos esse artigo com a mesma ressalva de sempre: a procura por ajuda profissional especializada (psicólogo, psiquiatra) não deve ser adiada quando pais e professores não conseguem lidar com as dificuldades comportamentais e emocionais da criança.

Um ótimo mês a todos!
Saúde e boa leitura!


Este artigo é da autoria da nossa querida convidada: Viviane Balero Landis – psicóloga e neuropsicóloga (vivianebaleronp@gmail.com). Descobre mais sobre ela em: https://www.instagram.com/viviane.landis/?hl=pt 😉

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